Entender por que ocorrem as falhas em máquinas é uma das premissas fundamentais para a eficiência da manutenção industrial. Cada parada inesperada implica perda de produção, aumento de custos operacionais, riscos à segurança e danos à confiabilidade do sistema. Assim, a abordagem correta para essa questão passa pelo domínio de conceitos técnicos, como confiabilidade, disponibilidade, modos de falha, causas raízes e indicadores de desempenho da manutenção.
Neste artigo, exploramos as principais razões técnicas pelas quais os ativos industriais deixam de operar corretamente e como a manutenção pode agir de forma estratégica para prevenir recorrências. Entenda aqui o contexto das falhas em equipamentos industriais.
Tipos de falhas mais comuns na indústria
Os especialistas classificam as falhas em máquinas em três tipos principais: funcionais, de desempenho e físicas. As falhas funcionais ocorrem quando o equipamento não cumpre sua função principal. Por outro lado, as falhas de desempenho se referem a quando a máquina opera abaixo de sua eficiência nominal. Por fim, falhas físicas envolvem ruptura ou desgaste de componentes, geralmente com causas associadas a fenômenos como fadiga, corrosão, abrasão, sobrecarga, contaminação ou falta de lubrificação.
FMEA e RCFA
A manutenção moderna se apoia em ferramentas como FMEA (Análise de Modos e Efeitos de Falha) e RCFA (Análise de Causa Raiz) para entender e mitigar problemas recorrentes. O FMEA permite identificar antecipadamente quais modos de falha podem ocorrer em um sistema e qual o impacto de cada um. O RCFA, por sua vez, é utilizado depois que falhas significativas ocorrem, visando identificar suas causas técnicas e contextuais por meio da análise de dados históricos, propondo medidas eficazes para evitar a recorrência. Dessa forma, fatores como erro humano, projeto inadequado, operação fora das condições especificadas, manutenção insuficiente e envelhecimento natural dos componentes são causas frequentemente encontradas.
Indicadores técnicos aplicáveis
A equipe de manutenção utiliza indicadores como MTBF e MTTR para avaliar a confiabilidade e a facilidade de manutenção dos ativos. Um MTBF baixo pode indicar necessidade de revisão nos planos de manutenção preventiva ou preditiva. Enquanto um MTTR elevado pode sinalizar ausência de peças sobressalentes, dificuldade de acesso ao equipamento ou baixa capacitação técnica. Além disso, o OEE (Overall Equipment Effectiveness) também serve como métrica integrada para analisar a eficiência operacional de máquinas em termos de disponibilidade, performance e qualidade.
Tribologia e falhas por atrito e lubrificação inadequada
Muitos problemas mecânicos têm origem no atrito elevado ou na aplicação incorreta de lubrificantes. A tribologia, ramo da engenharia que investiga o comportamento do atrito, do desgaste e dos lubrificantes. É importante destacar que ela desempenha papel fundamental na análise de falhas em componentes como rolamentos, eixos, engrenagens e mancais. Nesse contexto, a equipe de manutenção adota medidas preventivas essenciais como o uso adequado de lubrificantes, a análise de óleo e o controle dos intervalos de relubrificação.
Influência do fator humano e de falhas sistêmicas
Apesar de as causas técnicas serem mais perceptíveis, uma parcela significativa das falhas decorre de outros problemas. Questões relacionadas à gestão, à conduta operacional ou à cultura organizacional podem provocar falhas. Procedimentos operacionais mal definidos, ausência de treinamentos técnicos, falta de comunicação entre setores e cultura de manutenção reativa são elementos que agravam a ocorrência de falhas. Dessa forma, abordagem sistêmica, baseada na manutenção centrada em confiabilidade (RCM – Reliability-Centered Maintenance), busca atuar nesses pontos para promover a melhoria contínua.
Considerações finais
As máquinas falham por múltiplas razões, que vão desde o desgaste natural até falhas de projeto, operação, manutenção e gestão. As equipes técnicas combatem essas falhas com mais eficiência quando adotam uma abordagem estruturada. Uma estratégia é a utilização de ferramentas como FMEA, RCFA, análise de indicadores e normas como a NBR 5462. Contudo, a engenharia de manutenção exerce função estratégica ao converter informações operacionais em intervenções planejadas com maior precisão, seja no âmbito preventivo, preditivo ou corretivo.
Para alcançar esse nível de eficácia, é indispensável alinhar domínio técnico, gestão estruturada e uma cultura voltada à confiabilidade operacional.
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